Este artigo é de autoria de Pim Lopes, professora de Pole Dance e sócio-proprietária da Pólen Studio e foi originalmente publicado no blog Teinspira:
O Pole Dance é mais que um esporte ou uma dança: é uma forma de empoderar mulheres. A história da Pim Lopes é a prova disso e com certeza vai te inspirar!
A Thaisa, idealizadora desse blog, me pediu um texto sobre o Pole Dance, e logo me veio a questão: “Como colocar em palavras essa inundação de sentimentos sobre essa arte que, de um dia pro outro, se tornou o centro da minha vida, minhas escolhas, meu ser?”Muito bem, Thaisa, pega na minha mão? Espero que nossa viagem seja boa.Cada dia, cada workshop, cada treino, cada conexão entre as alunas, e todo o tudo que o Pole Dance me proporcionou. Cada artista que conheci, cada emoção que pude dançar, cada nova geração de estudantes de Pole que eu tive o privilégio de ver nascer e se apaixonar (com aquele cheiro de orvalho que só as coisas novas e boas têm). Tudo em um, o Pole. Por todo meu dia, cada dia, de verdade, o Pole.
CURA DO EU
Eu era artista plástica e bailarina, depois eu era designer também…. Era.
Quando o Pole chegou na minha vida, veio pelo pior dos motivos: auto-estima lá no dedão do pé, insegurança em relação à minha beleza, minha sensualidade, minha força de mulher. A superação que o Pole me propunha era (e é) muito palpável, o fato de ver com clareza que um movimento não estava saindo em uma aula, e na aula seguinte (ou muitas aulas depois) ela saia, me mostrava de maneira didática que eu podia, eu era capaz de evoluir, se eu continuasse, apenas continuasse.
O simples fato de IR às aulas, dia após dia, já me garantia certas conquistas. No princípio não era necessária nenhuma dedicação, nenhum esforço extra, e isso me fazia tão bem.
Nessa fase eu pude compreender que evoluir é o caminho natural das coisas, se a gente se propõe a fazê-las com alguma disciplina.
A CURA DO NÓS
Depois dessa fase inicial, decidi me tornar professora, fiz as capacitações necessárias pra começar (e continuo a fazer mil outras mais, pois o conhecimento é um horizonte, a cada passo a frente, a linha do horizonte anda um passo a mais), e tive mais um susto-aprendizado com o Pole: as mulheres não são inimigas naturais. Mulheres são lindas, são carinhosas, amáveis, doces e fortes. Tem um senso de comunidade vigoroso, unidas pelo útero, um pulso latente de conforto (cuidando de cada amiga a sua volta). Mulheres são guerreiras e carregam uma enxurrada de preconceitos impostos pela sociedade, todas elas/nós!
Todas doemos, todas lutamos, todas podemos ser quem gostaríamos de ser. Aprendi que o Pole podia ajudar nisso.
Dando aula eu vi o amor nascer dentro do meu coração (como sou cliché! Çokohooo!), curei feridas muito doloridas em relação às mulheres (e como eu havia aprendido isso durante minha infância e adolescência), às disputas entre o meu gênero. Aprendi a amar outra mulher com o mesmo amor que o Pole havia me ensinado a me amar, aprendi a querer que minhas alunas evoluíssem tanto quanto queria isso pra mim. Ser professora me tornou menos minha, passei a olhar mais o outro, amar o outro, viver por nós.
A CONSTRUÇÃO DO CORAÇÃO FORA DO PEITO
Em 2017 eu e minha sócia decidimos abrir uma escola de Pole Dance. Tínhamos vivenciado o Pole um certo tempo e achávamos que conseguiríamos montar uma escola limpa e segura, com uma infra estrutura prática e aconchegante, porque afinal o nossos corações já tinham muitas alunas, precisávamos alocá-las em um lugar maior. Criamos a Pólen. Pólen Studio de Dança.
Um grão de pólen, um sopro de vida, um mundo a florescer. Algo tão pequeno, (do grego “pales” = “farinha” ou “pó”), o conjunto dos minúsculos grãos produzidos pelas flores, elementos reprodutores que fecundam os óvulos, que posteriormente irão se transformar em sementes.
Fecundamos amor ao parir a Pólen. Mudamos vidas, incentivamos mulheres, crescemos juntas, formamos sementes de amor-próprio, força física e emocional. Formamos nossa colmeia. Nessa fase do Pole eu descobri o significado da palavra SENTIDO (de sentir, de direção a seguir, de propósito de vida).
HOJE
Hoje eu sou isso, vivo nesse caminho, para sentir e ver sentido.
Não tenho a vida social que queria ter, nem tantos amigos quanto ja tive. Não posso ir aos happy hours, pois dou aula nesse horário. Tenho que me alimentar bem, pois o corpo é meu instrumento de trabalho, além de muito perecível.
Faço renúncias o tempo todo para continuar vivendo essa existência tão maior, a de viver por algo além do eu.
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